segunda-feira, 14 de março de 2016

PMDB ocupa o centro para ser alternativa
 e busca apoio para não se tornar “o breve”

  • Blitzkrieg contra o governo acelera a crise
  • Na prática, Planalto só mantém apoio de PT e PCdoB
  • PMDB apresenta-se como a alternativa
  • Mas só tem por enquanto apoio para realizar uma transição

    As últimas semanas de forte ofensiva político-jurídico-policial contra o governo Dilma Rousseff aceleraram seu isolamento no Congresso e na sociedade, e desencadearam articulações finais para o desempate do jogo. O PMDB do vice-presidente Michel Temer movimenta-se para ocupar o centro, em busca de reunir massa crítica e formar o polo de aglutinação de uma nova maioria.


    Como vimos apontando há um ano, dois vetores operam em tensão na conjuntura de crise em que o governo desliza para a fraqueza extrema. O primeiro diz que ele só cai quando houver outro pronto a assumir. O segundo diz que se faltar governo por tempo suficiente alguma alternativa aparecerá para ocupar o vácuo.

    Dilma atravessou 2015 agarrada à primeira boia. Não havia entre os adversários consenso mínimo sobre a operação da transição. Mas o Palácio do Planalto, em larga medida, desperdiçou a extensa janela de oportunidade. Principalmente pela incapacidade de apontar rumos e conduzir o país à recuperação econômica.



    A Operação Lava-Jato teria forte impacto em qualquer cenário, mas ela só empurra a administração para o precipício pela fragilidade inerente à coalizão governamental, em que o partido do poder não reúne nem 15% do Congresso. É possível sobreviver assim quando as vacas estão gordas e o líder tem forte apoio popular. Mas se elas emagrecem e o líder está enfraquecido, torna-se mais difícil.



    Uma dificuldade adicional do governo é que o PT, muito atingido pela Lava-Jato, comporta-se como se preferisse marchar heroicamente para a oposição em vez de tentar manter o poder. Espaço de que se aproveita o PMDB. Mas este também tem problemas. O principal é garantir que, na hipótese de tomar a caneta, não venha a ser derrubado na sequência.



    A situação do PMDB é paradoxal. Se a política pudesse operar à margem da sociedade, o partido estaria confortável. Sobra-lhe capacidade para formar uma maioria parlamentar funcional. Falta-lhe porém apoio social. Pergunte-se às multidões que foram ontem às ruas o que pensam do PMDB. Dificilmente haverá surpresas nas respostas. E a legenda não está imune, ao contrário, às vicissitudes com a Lava-Jato.



    A fraqueza terminal deste governo Dilma, combinada à ausência de instrumentos para sua substituição em prazo curto pela via eleitoral e ao déficit de legitimidade dos personagens na linha de sucessão, empurra a política para alguma solução de transição. Como há muitos candidatos a Lenin, mas nenhum candidato a Kerensky, a coisa demandará trabalho. Enquanto isso, a política escorrega para decidir esta etapa na votação sobre o impeachment.



    A decisão está prevista para demorar algumas semanas, o que costuma ser muito tempo em política. Nesse hiato, Dilma cogitará fazer concessões. O espaço é limitadíssimo. Os fatos darão a palavra final. Eles são teimosos.



    Probabilidades; Impeachment, 40%, Cassação da chapa pelo TSE, 20%. Dilma fica, sem poder 35%. Dilma fica, com poder 5%. Aqui, algum cuidado deve-se tomar, porque agora o impeachment pode não eliminar completamente a hipótese de cassação pelo TSE.

    Atenção:

    • O que o STF vai decidir sobre o parlamentarismo


    • O PMDB vai mesmo recusar a Secretaria de Aviação Civil?

    • O tamanho das manifestações anti-impeachment dia 18



    • A Lava-Jato

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