segunda-feira, 30 de outubro de 2017

A dança do empresariado local, do neotenentismo e do establishment político para 2018. O PT calcula e age

O governo Dilma Rousseff foi removido quando viu convergir contra ele uma ampla coalizão das principais forças e blocos da economia e da política brasileiras. E o afastamento do PT, como era previsível, fez aguçarem as contradições no interior desse leque, o que está na base da perda de substância conjuntural do governo Michel Temer.

Mas Temer caminha para o apagar das luzes, e os interesses começam a buscar 2018. Para monitorar a eleição que vem, será útil acompanhar a dança dessas mesmas forças. Seu alinhamento ou desalinhamento influirá decisivamente na escolha dos personagens que estarão traduzindo eleitoralmente (“vote em fulano”) as opções de coalizão.

Dilma foi digerida por uma aliança entre 1) o capitalismo local, que ela tentou enquadrar 2) o neotenentismo togado, que ela tentou surfar e 3) o establishment político, que ela acreditou poder degolar. No fim, juntaram-se todos contra ela, já fragilizada pela recessão inevitável após as escolhas econômicas do início de seu segundo governo. E ela caiu.

O petismo é forte, mas não resistiu à poderosa aliança contra. Removido o PT, o neotenentismo foi para cima do establishment político, que vem sobrevivendo graças a uma liga fortíssima com o capitalismo local, na lógica do “agora ou nunca” para as reformas liberais. E o que faz o PT? Procura reorganizar-se aproveitando as rachaduras na coalizão que o derrubou.

O PT não é um partido de estratégias, mas de táticas. Principalmente eleitorais. Isso explica a só aparente esquizofrenia petista quando 1) ataca a Lava-Jato por supostamente perseguir Lula e 2) surfa na Lava-Jato quando o alvo desta são os adversários do PT. Política não é jogo de argumentos, mas de forças. Se a Lava-Jato está contra os inimigos, viva a Lava-Jato.

Se o PT mantiver os oponentes constrangidos pela Lava-Jato, acredita que tem mais chance de ganhar a eleição, com ou sem Lula. Já a lógica do outro lado é a inversa. Buscam um candidato que reúna, sem grandes perdas, as forças anti-Dilma. Alguém simpático aos capitalistas, fora do alcance dos neotenentes e aceitável pelo establishment político.

O ótimo é inimigo do bom. João Doria um dia pareceu ser ótimo, mas o establishment político só aceitará o #novo se não tiver opção. Por enquanto, o lugar de #bom está sendo conquistado por Geraldo Alckmin, cujas pendências com a Lava-Jato não parecem, até agora, suficientemente complicadas para fazê-lo perder momentum na corrida.

Há dois outros vetores, hoje enfraquecidos. 1) Os nacionalistas, aliados potenciais do PT, ressentidos da ainda viva e desagradável memória de um governo dito nacionalista e do progressivo desaparecimento da categoria de empresário nacionalista; e 2) a imprensa, cuja coesão quebrou na recente guerra dos neotenentes contra o establishment político no #ForaTemer.

Observemos.

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Já se sabe que o establishment político prepara petardos legislativos para o caso de precisar abrir fogo contra o neotenentismo daqui até a eleição. Os alvos mais maduros são o abuso de autoridade e os supersalários no Judiciário e no Ministério Público. Os episódios de Temer e Aécio Neves convenceram o establishment político de que pode haver vida sem o alinhamento absoluto à opinião pública. A revigorada popularidade de Lula também ajuda.

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O caso da portaria do trabalho escravo mostrou a hegemonia exuberante do “jornalismo de causas”. Não há qualquer possibilidade de debater racionalmente assuntos em que o jornalismo definiu, por antecipação, qual é o “lado do bem”. Principalmente quando há uma tentadora “oportunidade de progressismo” para quem se cansou de ser catalogado na coluna da direita.

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

O desafio da direita é unir o campo antiesquerda e trazer a antipolítica para o voto útil. Não será trivial

Quatro anos após o levante antigovernamental de junho de 2013, e depois da remoção presidencial em 2016, a política brasileira caminha para uma eleição com promessas novidadeiras. Fala-se de ameaças à tradicional polarização PT-PSDB, hegemônica no último quarto de século. A fragilidade relativa está, entretanto, mais à direita, o que parece paradoxal.

Nas duas últimas eleições, a terceira via caminhou pela centro-esquerda. Agora, no ápice e epílogo de um ciclo fortemente antipetista, a dispersão ameaça, contraditória e principalmente, a direita. Proliferam as pré-candidaturas, o PSDB parece hoje dividido e enfraquecido, especula-se com todo tipo de malabarismo para chegar vestido de novidade ao eleitor.

Uma razão da relativa desorganização é conhecida: o PT no poder acoplou-se tão bem ao sistema político que para remover o partido precisaram implodir toda a edificação. Não se faz omelete sem quebrar ovos, mas isso criou um problema: muitos dos comandantes e combatentes antipetistas de primeira linha e primeira hora acabaram soterrados pelos escombros.

Agora a poeira começa a baixar, e o PT aparece algo preservado. Por duas razões, interligadas. 1) A maneira como foi ejetado do Planalto ofereceu-lhe a sempre preciosa narrativa de vitimização e, mais importante, 2) tem um único líder. Os 30% de Lula (quase 40% dos votos válidos) mais a ameaça de o crítico ser associado a um suposto golpismo produzem poderosa dissuasão.

Some-se a isso o perfil da recuperação econômica, fortemente baseada em ganhos de produtividade e nas exportações. A situação melhora, mas não haverá uma retomada brilhante do emprego, que impulsionou as vitórias de Lula, nem uma elevação explosiva do poder de compra dos mais pobres, o combustível para os triunfos de Sarney e Fernando Henrique.

O PT tem um problema grave, o isolamento político. Mas o corpo está inteiro. Já os adversários contabilizam baixas consideráveis. As pesquisas quantitativas são aritméticas ao medirem a perda de massa de cada um. E essa perda de musculatura à direita é o caldo de cultura do novo, que no momento está dividido em diversas facções. Uni-las é o desafio de quem deseja derrotar a esquerda.

Há os antiesquerdistas de raiz, conservadores e algo autoritários, que hoje se agrupam em torno de Bolsonaro. Mas há também os liberais, ou libertários, que defendem a liberação das drogas e do direito ao aborto, entre outras medidas para remover o jugo do Estado sobre o cidadão. Há os defensores do agronegócio, mas há também os adeptos radicais do socioambientalismo. E há muitos outros matizes.

E há os que preferem simplesmente dar as costas à política. A dificuldade de fundir esse mix num único vetor eleitoral fica clara nas pesquisas de intenção de voto, quando trazem o grande contingente potencial de brancos, nulos, não sei e nenhum. Se essa massa ficar à deriva, de todo o alarido em torno do novo poderá dar o velho, como recentemente na eleição extra no Amazonas.

Outro risco para a direita é o potencial de dispersão do assim chamado centro, enquanto parece haver boa convergência em torno da direita mais radical. A lógica diz que haverá um esforço gigantesco do establishment para levar um centrista ao segundo turno, pelo medo de uma direita escancarada perder. Mas, e se não der certo? E se a dispersão mantiver-se, como na última eleição de prefeito do Rio?

A direita tem uma carta forte, que é o potencial apelo ao antilulismo e ao antipetismo num eventual segundo turno. Mas Lula e o PT não estarão parados, e procurarão de todo jeito impedir que o campo adversário se agrupe. É esse jogo que vai definir o resultado final. E acompanhá-lo com sintonia fina será a principal utilidade das pesquisas.

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A luta interna do PSDB tem uma explicação óbvia. No momento em que o nome tucano estiver definido, são enormes as chances de vir a ser ungido como o preferido do establishment para derrotar a esquerda num segundo turno. É um prato apetitoso demais para ser simplesmente deixado de lado. Ainda vai ter muita briga ali.

Até a semana que vem, ou até algum fato realmente novo pedir uma análise extra.

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Temer segue o roteiro tradicional rumo à mediocridade, mas uma eventual vitória na Câmara teria efeito positivo

Todos os governos brasileiros desde a redemocratização seguem um roteiro parecido. Alcançam o poder carregados de expectativas reformistas, para a esquerda ou para a direita, mas rapidamente perdem velocidade e atolam na mediocridade. Se há dinheiro, sorte ou gordura política, chegam vivos ao termo. Alguns chegam até populares. Mas o balanço é invariavelmente pífio.

As razões são conhecidas. O Estado brasileiro está bem organizado para o subdesenvolvimento. No centenário da Revolução Russa, a comparação com o czarismo terminal é óbvia. Uma burocracia estatal insaciável e insensível, uma inércia agrário-exportadora invencível, uma elite política ocupada só em sobreviver e uma elite econômica de baixa ambição relativa.

Mas mesmo a Rússia imperial teria continuado a vegetar nas suas contradições, não houvesse enveredado pela catastrófica Primeira Guerra Mundial. Os bolcheviques só chegaram ao poder porque o exército russo desmanchou e a fome empurrou a população para a rua. Foi uma circunstância especial. Quando ela não existe, a mediocridade pode perfeitamente perenizar.

Em sistemas como o nosso, ela costuma perpetuar pelo encurtamento das metas estratégicas. Diante da insolubilidade dos problemas, o objetivo do timoneiro resume-se a chegar vivo ao porto da próxima eleição. É o caso dos atuais governadores, com seus estados a caminho da insolvência, provocada principalmente pela inviabilidade da atual previdência pública.

À véspera da votação da nova autorização para um processo no STF, Michel Temer chegou ao denominador comum. Está ocupado apenas em sobreviver. E tem como: sua boia para pisar na praia é a agenda econômica. No grau em que for possível implementar. Os mercados olham mais o rumo que a velocidade. Os mercados também entendem de Brasil.

Onde sempre esteve o risco? Na janela de oportunidade que outros “candidatos a Temer” podem enxergar para oferecerem-se à missão de “tocadores da agenda”. Mas até nisso a fortuna agora ajuda o presidente. Faltando tão pouco para a eleição, é pouco crível que algum outro consiga construir uma liderança capaz de entregar mais do que o atual mandatário.

Pode dar zebra? O desarranjo do sistema político brasileiro alcançou taxas que tornam possível o “raio em céu azul”. Mas ainda não é provável. O tão atacado “centro fisiológico” parece continuar hígido para evitar uma degringolada. De todo modo, é conveniente monitorar o paciente em tempo real. Uma característica do imprevisível é a dificuldade de ele ser previsto.

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As expectativas para a reta final de governo Temer são baixas, mas isso pode vir a ser um ativo. Se sobreviver à nova votação na Câmara, o presidente terá a oportunidade de apresentar algum roteiro de ações, além das privatizações e concessões, para o ano que resta. Até porque a melhora na economia deve lhe dar alguma proteção no ano eleitoral.

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Lula está bem, mas por enquanto há muito voto em disputa num eventual segundo turno. Uma onda anti-Lula arrastaria muitos dos hoje brancos, nulos e “nenhum”. Se Lula é barbada para chegar à rodada final, é possível que outro nome de seu campo tenha mais facilidade para fechar a fatura. Desde que consiga passar do primeiro turno. Não é uma equação simples.

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Não é inteligente contar com a desidratação automática de Jair Bolsonaro quando a campanha eleitoral entrar em campo. A intenção de voto espontânea dele já é alta, e ele parece ter adquirido alguma consistência nos apoios. E todos os adversários têm algum recall. Da lista, ele é o único que nunca disputou uma eleição majoritária. #FicaaDica.

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Se o PT vota para salvar Aécio Neves, terá de arcar com o desgaste momentâneo impulsionado pela opinião pública sedenta de exemplos de que “todos os políticos são iguais". Se vota contra, como fará quando um dos seus eventualmente estiver na situação do senador mineiro? É uma decisão política algo complexa. Mas quem disse que a política é simples?

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Por que o “novo” envelhece prematuramente. E a hipótese de um Benjamin Button eleitoral

O “novo para 2018” enfrenta, na primavera, um primeiro outono. Seu nome mais vistoso, João Doria, perde substância eleitoral. No front dos políticos, o establishment reagrupa-se contra o protagonismo do Judiciário. E a Lava-Jato segue, só que cada vez mais restrita ao plano operacional: as pessoas continuam sendo presas e processadas, mas o efeito político dilui-se.

Uma explicação é a progressiva mudança na correlação de forças. Quanto mais inimigos você decide ter, mais aumenta a dificuldade de derrotá-los todos de uma vez só. Por exemplo, desde o movimento da PGR contra o atual presidente da República, a “faxina” perdeu o apoio de quem a via apenas como útil instrumento para remover o governo Dilma Rousseff.

Papel decisivo nessa tendência tem tido a resistência de Michel Temer. Se conseguir travar na Câmara dos Deputados a segunda denúncia do ex-PGR, o mundo da política terá imposto aos adversários uma segunda e talvez decisiva derrota estratégica. Ainda haveria muitas vítimas fatais até o fim da guerra, mas já se saberia quem no fim vai ganhar e quem vai perder.

Nenhuma correlação de forças nos universos restritos da política e do jornalismo seria porém suficiente, não estivesse acompanhada de dois fatores econômicos decisivos: a baixa e declinante inflação, com o automático alívio nas contas dos mais pobres, e a política econômica agressivamente liberal, uma antiga reivindicação dos mais ricos.

Daí que o governo Temer viva uma situação aparentemente paradoxal: é o mais mal avaliado desde a redemocratização, e não vê nenhuma mobilização social relevante para mandá-lo para casa. Ajuda nisso também a proximidade da eleição. Pois ela passa a concentrar os planos de quem espera assumir o Palácio do Planalto em 1º de janeiro de 2019.

Mas se a eleição logo ali fosse o fator decisivo, talvez tivéssemos um cenário como no ocaso de José Sarney: um desgaste agudo dos nomes “velhos” e uma busca persistente pelo “novo”. Que acabou sendo Collor, como poderia ter sido Lula ou Brizola. Nunca Ulysses, Aureliano, Covas ou Maluf. A renitente hiperinflação era mesmo um obstáculo difícil de transpor.

2018 não está, por enquanto, com jeito de 1989. A melhora, mesmo lenta, do cenário econômico tira alguma musculatura do tentador discurso de “mudar tudo o que aí está”. O “novo” perde momentum. E há até espaço para que o próprio Temer, quem sabe?, venha a ter mais peso na sucessão do que autorizam extrapolações lineares para o futuro.

Se conseguir travar a segunda denúncia, Temer aumenta muito a chance de chegar sentado na cadeira no dia da eleição. Especialmente se conseguir relançar em algum grau sua agenda e evitar a degeneração vegetativa. A chance é pequena mas não é zero. E governo sempre é governo, nunca é demais lembrar. Ainda mais no Brasil.

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O envelhecimento do “novo” autêntico abre espaço para um “velho” que consiga rejuvenescer no processo. Um Benjamin Button eleitoral. A aversão aos políticos e o medo da instabilidade econômica dão espaço para projetos de “mudança segura”. Pode ser Alckmin. Mas também pode ser Lula, se conseguir concorrer. O que hoje parece improvável.

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A proibição das contribuições empresariais fará da eleição de 2018 um parque de diversões para os milionários, as igrejas e o crime organizado. Foi o caminho que se escolheu ao ceder à lógica de uma “política sem dinheiro”. Coisa aliás tão factível quanto, por exemplo, fazer jornalismo sem dinheiro. O inferno está mesmo lotado de boas intenções. Fica a dica.

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Começou o bombardeio sobre Jair Bolsonaro. É razoável esquadrinhar os candidatos à presidência, em especial os mais fortes. Mas não é disso que se trata. Bolsonaro foi poupado enquanto era politicamente útil. Agora querem descartá-lo. Faz sentido. Ele deixa o eleitorado centrista exposto ao assédio da esquerda. Um risco desnecessário.

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

As pesquisas e o mercado mostram que não há descolamento entre a política e a economia

A política e a análise política de vez em quando resvalam para o pensamento mágico, no qual a projeção do desejo substitui a realidade. A mais recente expressão disso é a teoria do descolamento entre a economia e a política. A primeira estaria em boa medida protegida das confusões e incertezas da segunda. Os números estariam aí para comprovar. Será?

Qual é a situação da política? Instabilidade micropolítica, mas razoável estabilidade macropolítica. A turbulência atinge sim Michel Temer. Mas, se prevalecer a, no momento, improvável hipótese de a Câmara dos Deputados determinar a saída dele, o governo ficará nas mãos de seu bloco político, que hoje traduz o poder de um bloco histórico pró-liberal na economia.

Com Temer, Maia ou qualquer outro, o governo prosseguiria as privatizações, renegociações tributárias etc, para cobrir despesas correntes e evitar o desastre no curto prazo. O sonho inicial do mercado era Temer equacionar a sustentabilidade de longo prazo da dívida, com uma forte reforma da previdência. Mas, também aqui, o ótimo é inimigo do bom.

Por isso, o mercado vai bem, apesar do noticiário político “trem fantasma”, um susto a cada curva. Mas, o que é “ir bem”? É essencialmente o reflexo da melhora da saúde e da lucratividade das empresas por ganhos expressivos de produtividade, sustentados essencialmente na ainda boa capacidade ociosa e no hoje gigantesco exército de mão de obra de reserva.

Se essa recuperação agrada às fontes tradicionais do jornalismo, não atende porém tanto assim ao desejo dos que o jornalismo costuma ouvir menos. Entre eles 1) os 13 milhões que procuram trabalho e não acham, 2) os que desistiram de procurar, 3) os que acharam, mas para ganhar bem menos e 3) os atingidos por cortes nas políticas públicas. E a todos esses acrescente-se suas famílias.

E temos então a segunda demonstração de não haver descolamento algum entre a economia e a macropolítica: as pesquisas de avaliação de governo e eleitorais. Para quem a economia vai bem, o governo é passável, apesar dos pesares. Para a maioria, nem pensar. E aí a intenção de voto mostra uma recomposição do bloco histórico que elegeu Lula/Dilma em 2006 e 2010.

Pouco a pouco, a má memória do segundo governo Dilma vai sendo diluída na esperança de ter de volta uma gestão baseada na expansão do emprego, do salário e do crédito. Os “de baixo” também têm pensamento mágico, e ele por enquanto garante a resiliência de Lula, apesar das dificuldades do ex-presidente com a Justiça e, portanto, com o noticiário.

Nesta nova fase, o antipetismo buscará refúgio no argumento de que o problema (a ameaça da volta do PT/esquerda) será resolvido com a inelegibilidade de Lula. Será? Nas pulverizadas projeções atuais, o bloco PT/esquerda tem potencial para colocar um nome no segundo turno. É o que diz por sinal o número dos que apoiariam um candidato de Lula.

Como esse quadro poderia ser revertido ou pelo menos amenizado? Um caminho proposto é a solução duvidosa de não apenas tirar Lula da eleição mas impedi-lo de fazer campanha. Mais seguro seria produzir um 2018 com forte expansão de emprego, renda e políticas públicas para os “de baixo”. Um novo 1994, atualizado. Por enquanto, não está visível. Quem sabe?

De tudo isso, fica o paralelo entre a recente história política brasileira e o front franco-alemão na Primeira Guerra Mundial. Muito canhão, muita bomba, muita arma química, muitas mortes. Quando a fumaça desce, os exércitos estão mais ou menos no mesmo lugar. Apesar do alarido e das baixas, os fatos ainda não produziram uma nova relação de forças.

Establishment

Na corrida tucana, desce Dória e sobe Alckmin. Os tucanos têm um desafio: deslocar Bolsonaro e Marina. Parece hoje algo complicado, mas talvez não seja tanto. Em condição normal de temperatura e pressão, o establishment tem gás para colocar um nome no segundo turno. Basta uma adequada campanha de demolição da concorrência.

Assim como o PT, o PSDB (ou algum derivado) terá base social na eleição. Nunca se deve subestimar isso.