• Reeleição do líder Leonardo Picciani é vital para o governo
• Se Hugo Motta prevalecer, Eduardo Cunha retoma iniciativa
• Sinal de fraqueza diluiria ainda mais a frágil base
• E aumentaria as já grandes dúvidas sobre a agenda econômica
Acabou a pré-temporada. O campeonato da política começa para valer nesta semana. E Dilma Rousseff tem jogo decisivo logo na primeira rodada. É dela a obrigação de ganhar, para seguir com boas chances de ser olhada com algum temor pelos demais competidores e pela crítica.
As circunstâncias transformaram a habitualmente banal disputa pela liderança do PMDB na Câmara dos Deputados em um clássico que ninguém pode se dar ao luxo de perder. Leonardo Picciani (RJ) tem, na teoria, ligeiro favoritismo, mas nunca convém subestimar a resiliência da dupla Eduardo Cunha-Michel Temer, que está com Hugo Motta (PB).
Se o governo mantiver o controle do PMDB da Câmara, demonstrará força. Isso terá efeito centrípeto. Se der (mais um) sinal de fraqueza, será inevitável a consequência centrífuga, estimulando a dispersão. No PMDB e em outros partidos oficialmente governistas.
O Planalto precisa de vitórias, antes de tudo para manter acesa a esperança de que terá, um dia,votos para aprovar sua agenda econômica e injetar confiança nos tomadores de decisões de investimento. E também para mostrar que pode resistir às tentativas de derrubar o governo, por impeachment ou cassação judicial.
As decisões do STF sobre o impeachment quebraram a lógica e a inércia do movimento desencadeado quando o presidente da Câmara abriu o processo contra Dilma. Se Cunha vencer agora no PMDB, o vento muda de novo. Ele ganhará “momentum", até para decidir não esperar e instalar já uma comissão indicada pelos líderes, com vantagem pró-impeachment.
A comissão finalmente instalada e com maioria anti-Dilma seria o palco ideal para desfilarem as múltiplas denúncias que colocam a presidente, Lula e o PT no alvo. Seria também um natural ponto de aglutinação das insatisfações que brotam todos os dias da economia. Os movimentos e iniciativas antipetistas e antigovernistas pedem essa oportunidade. As ruas refluíram, mas os adeptos da ruptura confiam que um catalisador pode reverter a tendência.
Se perder, Cunha não terá como romper o “empate catastrófico” que se arrasta há meses. Será obrigado a esticar a corda com o STF. Terá motivo para não instalar a comissão do impeachment “até que as dúvidas estejam esclarecidas”, ainda que não haja maiores dúvidas sobre o que o STF decidiu.
Ao prolongar a paralisia, o presidente da Câmara ajudaria a reforçar a impressão de que o Planalto não tem bala na agulha para fazer avançar, por exemplo, a CPMF e a reforma da Previdência. Mas estimularia também quem entende que a premissa para superar o impasse talvez seja removê-lo da cadeira. Eis por que é vital para Cunha recolocar o foco em Dilma.
Refizemos, para baixo, nossa avaliação sobre a possibilidade de Dilma manter-se no cargo. De 65% para 60%. Avaliamos que aumentou o "risco TSE” (de 20% para 25%), pela evolução da Lava-Jato em direção às relações entre as empresas investigadas (e condenadas) e as campanhas de Dilma à Presidência. O impeachment mantém 15%.
Como afirmamos desde nossa primeira análise este ano, a solução jurídica do impasse político pode ficar atraente se o governo não conseguir mostrar que governa (tem força) e se não houver solução à vista para o “empate” no Congresso. Mais uma razão para o Planalto dar 100% de si nesta disputa dentro do PMDB.
Prestar atenção:
• A proposta do governo para a reforma da Previdência
• Caminhos da Lava-Jato para chegar a Lula
• Gravíssima situação fiscal de estados e municípios
• Como será na vida real a nova tática “propositiva” da oposição
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