• Governo quer avançar na agenda econômica
• Mas não parece ter força para pautar o Congresso
• Lula na Lava-Jato aumenta pressão sobre o PT
• Enquanto o empresariado digere as medidas recentes
O governo Dilma Rousseff avançou na semana passada sua estratégia de
mostrar iniciativa econômica e, assim, tentar retomar a iniciatica
política. Mas depende também de fazer caminhar no Congresso Nacional
medidas impopulares, como a volta da CPMF e as mudanças na Previdência.
Atores politicos e econômicos gostam de dizer que o governo precisa de
credibilidade. Por ”credibilidade”, entenda-se capacidade de fazer a
Câmara dos Deputados e o Senado votarem o que o governo quer, mesmo
que a sociedade não queira. Quem tem força tem credibilidade.
Credibilidade política vale mais que a social. Exceção: quando as pessoas
estão dispostas a sair à rua e lá ficar até atingir o objetivo, na lei ou na
marra. Mas as ruas estão em refluxo. Por enquanto, o povo voltou para
casa e sobraram só os militantes, dos dois lados.
O Congresso retoma com pauta distinta das prioridades do Planalto: 1) o
impeachment e 2) o processo contra o presidente da Câmara no Conselho
de Ética. Com poderes quase imperiais (o quase deve-se ao STF), Eduardo
Cunha é quem vai ditar o ritmo da dança, a pretexto de esperar pelos
esclarecimentos do STF sobre a ação contra Dilma.
Os resultados macroeconômicos do ajuste aparecem, especialmente nas
contas externas. Na teoria, o governo estaria pronto a relançar-se. Na
prática, depende de providências que removam a incerteza fiscal. Isso,
só com o apoio do Congresso.
É provável que o Legislativo volte sem dinâmica porque 1) não interessa à
oposição que o governo retome a iniciativa e 2) um governo mais forte
diminuirá a força de Eduardo Cunha. Não havendo acordo entre ambos, o
presidente da Câmara depende essencialmente da própria força (que
depende também da fraqueza do governo) para evitar a cassação.
Outro vetor de instabilidade é a combinação entre a política, a operação
Lava-Jato e as diversas CPIs. Especialmente a L J, que avança sobre Luiz
Inácio Lula da Silva, o que gera óbvia tensão no Partido dos
Trabalhadores.
O PT está pressionado a buscar a “fuga para adiante”, diferenciar-se do
governo e retomar a suposta pureza original. Mas o partido está
suficientemente “no governo” para que deixar de ser “do governo”
implique altíssimo custo politico.
Enquanto os políticos se alinham para a largada do semestre de trabalho, o
empresariado digere as medidas anunciadas, no crédito e nas
possibilidades de investimento. As ações foram recebidas com ceticismo em
público, mas é provável que, como sempre, os empresários continuem
chorosos ao falar aos jornalistas e analisem com alguma frieza as
oportunidades de negócios.
Nossa avaliação de momento, inalterada: Dilma fica (65%), Dilma e
Temer cassados no TSE (20%), Dilma sai por impeachment (15%).
Para prestar atenção:
• Desdobramentos das medidas econômicas e novas medidas
• Detalhamento da reforma da previdência
• O que vai andar e o que não vai na Câmara dos Deputados
• A disputa pela liderança do PMDB na Câmara
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