segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Governo quer foco na economia mas Congresso e Lava-Jato dificultam

• Governo quer avançar na agenda econômica
• Mas não parece ter força para pautar o Congresso
• Lula na Lava-Jato aumenta pressão sobre o PT
• Enquanto o empresariado digere as medidas recentes

O governo Dilma Rousseff avançou na semana passada sua estratégia de mostrar iniciativa econômica e, assim, tentar retomar a iniciatica política. Mas depende também de fazer caminhar no Congresso Nacional medidas impopulares, como a volta da CPMF e as mudanças na Previdência.

Atores politicos e econômicos gostam de dizer que o governo precisa de credibilidade. Por ”credibilidade”, entenda-se capacidade de fazer a Câmara dos Deputados e o Senado votarem o que o governo quer, mesmo que a sociedade não queira. Quem tem força tem credibilidade.

Credibilidade política vale mais que a social. Exceção: quando as pessoas estão dispostas a sair à rua e lá ficar até atingir o objetivo, na lei ou na marra. Mas as ruas estão em refluxo. Por enquanto, o povo voltou para casa e sobraram só os militantes, dos dois lados.

O Congresso retoma com pauta distinta das prioridades do Planalto: 1) o impeachment e 2) o processo contra o presidente da Câmara no Conselho de Ética. Com poderes quase imperiais (o quase deve-se ao STF), Eduardo Cunha é quem vai ditar o ritmo da dança, a pretexto de esperar pelos esclarecimentos do STF sobre a ação contra Dilma.

Os resultados macroeconômicos do ajuste aparecem, especialmente nas contas externas. Na teoria, o governo estaria pronto a relançar-se. Na prática, depende de providências que removam a incerteza fiscal. Isso, só com o apoio do Congresso.

É provável que o Legislativo volte sem dinâmica porque 1) não interessa à oposição que o governo retome a iniciativa e 2) um governo mais forte diminuirá a força de Eduardo Cunha. Não havendo acordo entre ambos, o presidente da Câmara depende essencialmente da própria força (que depende também da fraqueza do governo) para evitar a cassação.

Outro vetor de instabilidade é a combinação entre a política, a operação Lava-Jato e as diversas CPIs. Especialmente a L J, que avança sobre Luiz Inácio Lula da Silva, o que gera óbvia tensão no Partido dos Trabalhadores.

O PT está pressionado a buscar a “fuga para adiante”, diferenciar-se do governo e retomar a suposta pureza original. Mas o partido está suficientemente “no governo” para que deixar de ser “do governo” implique altíssimo custo politico.

Enquanto os políticos se alinham para a largada do semestre de trabalho, o empresariado digere as medidas anunciadas, no crédito e nas possibilidades de investimento. As ações foram recebidas com ceticismo em público, mas é provável que, como sempre, os empresários continuem chorosos ao falar aos jornalistas e analisem com alguma frieza as oportunidades de negócios.

Nossa avaliação de momento, inalterada: Dilma fica (65%), Dilma e Temer cassados no TSE (20%), Dilma sai por impeachment (15%).

Para prestar atenção:

• Desdobramentos das medidas econômicas e novas medidas
• Detalhamento da reforma da previdência
• O que vai andar e o que não vai na Câmara dos Deputados
• A disputa pela liderança do PMDB na Câmara

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