segunda-feira, 11 de abril de 2016

Ambos os lados temem a derrota, pois ainda não enfraqueceram decisivamente o outro

  • Narrativas do governo e da oposição aglutinaram seus campos
  • PMDB de Temer aproxima-se, pelo vácuo, do poder
  • Partido tenta chegar ao Planalto sem precisar dizer o que vai fazer ali
    Os campos que disputam o poder federal chegam à semana da decisão com risco real de derrota. Nenhum conseguiu impor ao adversário um enfraquecimento decisivo nestes meses de guerra política aberta.

    Nenhum lado conseguiu romper o empate catastrófico. É a terminologia que usamos ao longo desta crise para definir o equilíbrio estratégico de forças. Que se expressa também na capacidade de as narrativas atraírem seus públicos potenciais. Entretanto, se um não consegue falar ao outro, para ao menos colocar uma cunha no lado de lá, persiste o empate.

    A oposição não conseguiu impedir que o PT/governo reaglutinasse o campo politico autodefinido como progressista para a resistência contra o “golpe branco supostamente constitucional”. Melhor sintoma: apesar de o governo Dilma patinar em torno de 10% de ótimo+bom, quase 40% da população não aderiu a proposta de retirá-lo do poder antes da hora.

    E o governo não conseguiu impedir a oposição de convencer cerca de 60% da sociedade e do Congresso de que tirar Dilma/PT já é vital para começar a resolver os graves problemas nacionais. Especialmente a recessão econômica e a “corrupção sistêmica”.

    A oposição não conseguiu reduzir o PT/governo a “organização criminosa que tomou o Estado brasileiro e levou a corrupção a níveis sistêmicos para perpetuar seu projeto de poder”. E o governo/PT não conseguiu reduzir os oponentes a “elite insensível e privilegiada que não se conforma com a derrota eleitoral e a ascensão social dos pobres, pretos e favelados”.

    A crer nas pesquisas, o impeachment tem o apoio de quem votou PSDB no segundo turno da eleição de 2014, e da maioria dos que não votaram em ninguém. Mas enfrenta oposição absoluta de quem votou PT.

    E os discursos apenas negativos e destrutivos não produziram uma narrativa "propositiva" para sustentar a opção que está à mão. O PMDB temerista aproxima-se do poder por inércia. Trazido pelo vácuo. Quando o PMDB terá uma oportunidade como esta, de tomar o Planalto sem nem precisar dizer o que vai fazer lá? Provavelmente nunca mais. Não surpreende que estejam empenhados na missão.

    E o dia seguinte?

    Se Dilma passar esta barreira é possível que o presidente da Câmara aceite outro pedido de impeachment contra ela, até por um detalhe: enquanto o filme “Fora Dilma” estiver em exibição nas principais salas comerciais, o “Fora Cunha” continuará no circuito cultural alternativo.

    Já a coligação em torno de Michel Temer nasceria com duas marcas registradas da política brasileira: o desalinhamento sobre o que fazer na economia e a heterogeneidade da base de apoio no Legislativo.

    Não é realista imaginar que a bastante liberal “Ponte para o Futuro” dos formuladores peemedebistas tenha apoio na maioria dos que marcham nas ruas e no Congresso para colocar o PMDB no poder.

    O súbito liberalismo do PMDB tem sido útil para angariar apoio politico e material dos empresários que querem derrubar o governo do PT, mas dificilmente servirá para algo além disso.

    Probabilidades: Impeachment 50%, cassação pelo TSE 25%. Dilma fica, sem poder 25%

    Prestar atenção:

    • Novos fatos espetaculares, especialmente na Lava-Jato

    • Recursos do governo ao STF

    • Mobilização social, gente na rua
  • Nenhum comentário:

    Postar um comentário