quinta-feira, 30 de agosto de 2018

E se 4, ou 5, permanecerem competitivos?

Se o não voto (branco/nulo/não foi votar) nesta eleição presidencial bater em 35%, o candidato que conseguir 20% do total fará 30% dos válidos. É um desempenho que traz alta probabilidade de ir a um eventual 2º turno, marcado para 28 de outubro. Que só não acontece se alguém fizer metade mais um dos válidos no primeiro. O que ainda parece distante, também pela quantidade de candidatos com pelo menos alguma musculatura.

Há 5 nomes que já passaram a barreira da competitividade. E 2 que estão no limiar de ganhar alguma substância. Bolsonaro, Haddad (o candidato de Lula), Marina, Alckmin e Ciro. E Alvaro Dias e Amoêdo. É muita gente na pista. E com um detalhe: os 5 mais bem colocados têm caminhos possíveis para alcançar o número mágico de 20% do total, ou 30% dos válidos, se confirmada a hipótese que abre este texto.

Bolsonaro já está no patamar. Precisa pelo menos manter-se nele. Se ganhar uns pontinhos, uma gordurinha, fica menos vulnerável à lipoaspiração de que será alvo no horário eleitoral, onde tem desvantagem massacrante. As pesquisas dirão se o capitão usou bem sua aparição na TV esta semana para acumular um extra. Se tiver conseguido, será ótima notícia para ele e, portanto, péssima para quem disputa com ele os votos da direita.

Em todas as pesquisas, o PT aparece com pelo menos 20% da preferência popular. É razoável supor que seja um objetivo viável para o candidato do PT no 1º turno. Sem contar os pelo menos dez pontos percentuais de eleitores que dizem querer votar só em Lula e mais ninguém. Também é racional olhar esse contingente como uma oportunidade de mercado para o candidato do PT.

Nos cenários sem Lula, o tucano Alckmin ou bate nos 10% ou está perto. E tem abundância de recursos, principalmente tempo de tela, para passar sua mensagem. Se não se aproximar dos 20% terá sido por deficiência própria, e não pelas circunstâncias. Também porque tem a simpatia importante, medida em pesquisas, entre o assim chamado establishment ou a elite. O leitor ou leitora escolhe o rótulo que preferir.

Marina fez 20% dos votos válidos em 2010, quando não chegou a ser incomodada na campanha, e 22% em 2014, quando foi soterrada na TV pela aliança tática do PT com o PSDB para tirá-la do 2º turno. Sem Lula, ela está mais ou menos no patamar de quatro anos atrás. Se conseguir algum gás com base na plataforma progressista-liberal, muito na moda, não terá grande dificuldade para acumular uns pontinhos a mais.

Se Haddad não for tão eficiente assim na colheita do voto lulista, Ciro é outro que pode dar as caras na reta final deste 1º turno. Sem contar que Ciro é também palatável para um pedaço do eleitorado que não quer saber de Lula ou do PT, e o candidato do PDT não tem descuidado dessa turma. Ciro corre o risco de não ser totalmente confiável para nenhum lado da polarização? Sim, mas também é inegável que tem trânsito em ambos os campos.

Cada um é livre para apostar no que quiser. Mas é bom colocar as barbas de molho. Não é impensável que cheguemos na reta final do 1º turno com pelo menos 4 candidatos em condições de ir à final. E um detalhe: em 2014, Aécio passou Marina, nos últimos dias, para não dizer nas últimas horas. E São Paulo teve um peso decisivo para isso.

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Publicado originalmente no www.poder360.com.br

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