Os três primeiros quartos da transição, período marcado pelos ensaios em torno do gabinete do novo governo, foram, como se previa, de busca de acomodação pelos polos de poder em Brasília e nos estados. A exceção é o presidente que vai encerrando seu mandato, o que é natural, pois as forças políticas “dançam” em torno dos vitoriosos.
Governos e parlamentares eleitos tateiam para saber seu espaço, com o futuro presidente diante do enigma que engoliu, ou quase, dois dos três antecessores: como operar a retomada do poder moderador, oficioso mas efetivo, que sempre foi sinônimo de estabilidade política. E que desde 2015-16 dispersou-se ou foi capturado pelo Judiciário.
A tendência inercial, pelas inclinações político-ideológicas, é um certo alinhamento entre o Executivo e o Judiciário contra o Legislativo, obrigando este a movimentos de aproximação ao primeiro para vacinar-se contra o isolamento. Mas o Congresso Nacional quer, e precisa, fazer essa dança preservando o que for possível da independência alcançada.
Conquista de deputados e senadores na disputa por recursos orçamentários durante o governo que termina, também pelas agruras que este teve de enfrentar e dos riscos de que teve de escapar. Mas o novo governo deseja retomar o controle dos mecanismos de premiação e punição indispensáveis para manter a disciplina nas duas casas legislativas.
O desenho final da PEC do gasto excedente e a decisão final (haverá?) do Supremo Tribunal Federal sobre as emendas de relator serão o melhor retrato do resultado final desse jogo. Que, como sempre, só acaba no apito final do juiz.
Mas que só terá sido a primeira partida num campeonato de quatro anos.
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