O governo conseguiu uma importante vitória quando o TSE projetou hoje
que irá absolver a chapa Dilma-Temer, ou pelo menos o então vice e hoje
presidente, da acusação de crime na eleição de 2014. O contrário
implicaria a cassação da chapa. Sempre é prudente esperar o fim do
julgamento, mas, confirmada a tendência, se fecharão as portas para um
desfecho via justiça eleitoral. Faltaria ao Planalto apenas garantir o
bloqueio do impeachment e da autorização da Câmara dos Deputados
para o processo no STF por crime comum. Ambos exigem que o governo
mantenha pelo menos um terço dos votos ali, o que hoje parece provável.
Ao mesmo tempo, o Planalto mune-se de instrumentos legais para punir
com força descomunal, por meio das instituições econômicas oficiais e dos
órgãos reguladores, empresas que eventualmente possam estar diante da
inevitabilidade de fazer acordos de leniência e cujos acionistas e
executivos estejam impelidos a colaborar com o Ministério Público e a
Polícia Federal. O mundo político vai quase totalmente unido nesse
propósito. Esperam, assim, frear o momentum da Lava-Jato, tomada no
sentido amplo, freando as colaborações. Entrementes, o Planalto
impulsiona as reformas trabalhista e previdenciária para manter o apoio
do establishment.
Quais são as variáveis fora de controle? A primeira é que não parece
provável uma redução da velocidade e força das investigações. Os
procuradores e delegados já reuniram informações suficientes para
caminhar pelas próprias pernas por muito tempo. E há um conjunto de
políticos, empresários e executivos para quem simplesmente não há
alternativa fora da colaboração. E a pressão dos fatos novos será uma
guilhotina sobre o pescoço dos parlamentares da base do governo que
precisam enfrentar as urnas em 2018 – a esmagadora maioria. O PSDB é
um sintoma dessa circunstância. E vai ser preciso também olhar com atenção como o STF se comportará
diante do quadro de agravamento. Vai manter a provável decisão do TSE?
Chegará a analisar? Confirmará o relator hoje encarregado da Lava-Jato e
do caso J&F? E o relator? Manterá as prisões mais sensíveis? Após a
revelação dos fatos da colaboração da J&F, o assim chamado "clima" para
habeas corpus não anda tão favorável. E como será a sucessão do atual
procurador-geral da República?
Nada indica que o cenário de crise política crônica vá arrefecer. Um
relançamento da economia poderia ajudar, mas não se prevê nada
brilhante, no curto prazo, nos números de emprego e renda. A saída da
recessão assenta-se no tripé agronegócio-exportações-produtividade. O
efeito multiplicador dessa modalidade de recuperação leva um bom tempo
para chegar na ponta. Uma maneira de enfrentar isso seria reduzir
agressivamente os juros, mas não parece ser a linha do BC. Resta ao
governo encastelar-se, ameaçar e resistir. O que vem fazendo.
Análise ao final do terceiro dia do julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE
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