sexta-feira, 9 de junho de 2017

TSE é fato velho. Aguardam-se os novos

O governo conseguiu bloquear a opção Tribunal Superior Eleitoral ao vencer a disputa ali por 4 a 3, e o movimento pela remoção viu fechada uma janela. É possível que a procuradoria recorra, e é possível, portanto, que o Supremo Tribunal Federal precise discutir o assunto. Mas a carta do julgamento eleitoral sai de cena no momento, ainda que possa voltar lá na frente. A próxima batalha será em torno da denúncia, ou denúncias, que o Ministério Público Federal deve apresentar contra o chefe do governo. Cada uma precisará ser autorizada por pelo menos 342 deputados para ser aceita pelo STF e o presidente, processado. Até o momento a Presidência da Câmara vem congelando a apreciação dos pedidos de impeachment, mas dificilmente sentaria em cima de um pedido do STF para o processo por crime comum. Assim, o governo ganha algumas semanas, ou meses, para tentar equacionar seus problemas políticos e policiais. Nesta segunda variável, o Executivo aumenta as exibições de poder destinadas a demover pessoas físicas e jurídicas propensas a colaborar com as investigações. Os órgãos do Estado brasileiro são mobilizados na cruzada, acenando com a falência das empresas cujos acionistas e executivos decidirem pela colaboração. A tática funcionará? É possível que funcione aqui e ali, mas as investigações estão muito avançadas e disseminadas, com grande volume de provas já obtidas e fila de candidatos a colaborar. Tampouco se deve afastar a possibilidade de o MPF reagir a esse cerco estatal às pessoas e empresas que mostram disposição de ajudar nas investigações. Assim, será preciso avaliar em tempo real a eficácia da tática retaliadora. Na política, uma chave está com o PSDB. O partido procura um meio de simultaneamente manter a influência e os canais abertos no governo e descolar-se para efeito de imagem pública. Não é simples. Há ainda a circunstância de vários de seus líderes, especialmente o presidente afastado, enfrentarem problemas similares ao do presidente da República. Como radicalizar num caso e acomodar no outro? O governo se beneficia também da posição do PT, que nega apoiar uma alternativa na eleição indireta para escolher um eventual substituto. A posição tem alguma lógica. 1) Mais força para a Lava-Jato é mais ameaça à presença de Lula na urna de 2018. 2) Um novo presidente daria novo impulso às reformas liberais. 3) Se tivesse sucesso, poderia ser uma forte alternativa na eleição. 4) A oposição sempre prefere que o governo chegue fraco no pleito. Ou seja, o jogo está organizado para que a novela se arraste até 2018. O problema, para o Planalto, é que não é ele quem escreve os capítulos. Seria mais fácil se o governo pudesse estancar a fonte de fatos novos. Mas não é provável.

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