quinta-feira, 17 de junho de 2021

Uma nova variável

E a Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado da Covid-19 vai se encaminhando para onde costumam ir todas as CPIs: arrolar os investigados e projetar os pedidos de indiciamento. As sessões continuarão, mas a comissão, hoje de cristalizada maioria oposicionista, não vai se furtar a aumentar a pressão sobre os apoiadores do presidente da República e o próprio. Inclusive com situações de opróbrio que dariam inveja à tão criticada, por esses mesmos políticos, Lava-Jato.

Imaginar CPIs como entidades que em algum momento possam se orientar por critérios objetivos, metodologias técnicas e busca da justiça e da verdade é coisa que pertence ao universo dos contos de fadas. Acredita quem quer. O fato? O governo colhe na CPI o resultado de ter descuidado da construção da hegemonia no Senado, ao contrário do que fez na Câmara dos Deputados. Sem maioria em plenário, não conseguiu nem equilibrar o jogo na comissão, muito menos impedir sua instalação.

Três são as frentes de luta até o momento na CPI. O caso de Manaus mira principalmente o general e ex-ministro da Saúde. O do assim chamado tratamento precoce, ou inicial, enreda um universo mais amplo. Mas o ponto crítico está nas vacinas. Aqui não há muita polêmica: quanto mais vacinas e mais rápido, mais gente fica protegida contra o SARS-CoV-2. Mesmo que a proteção oferecida pelo imunizante não seja de 100%. Desde o ano passado sabe-se que o governo abriu um flanco no tema.

As curvas de casos e mortes seguem em nível bem preocupante, mas tudo indica que os níveis de vacinação já atingidos estejam segurando em parte a aceleração da marcha mortal da segunda onda epidêmica. Vamos ver se essa hipótese otimista se confirma. Nos próximos dias, atingiremos o meio milhão de mortos pelo novo coronavírus. Por dever de ofício, o analista terá de ficar de olho no efeito político do atingimento da trágica marca.

Que trará uma nova variável para a mesa: será que o Brasil vai acabar se tornando o país com mais mortos por Covid em todo o mundo? E qual será o impacto político, e eleitoral, se isso acontecer?

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