Se a oposição tem maioria, como é o caso da CPI no Senado da Covid-19, essa tarefa fica facilitada, pela possibilidade de conduzir a lista dos depoentes, os próprios depoimentos e as quebras de sigilo. Mas é preciso, antes de tudo, saber onde se quer chegar. Claro que podem aparecer surpresas pelo caminho, uma bala de prata, a prova definitiva. Entretanto é sempre arriscado apostar no aleatório.
O risco é levar a CPI a enredar-se, a produzir mais fumaça que fogo e mais calor que luz. Claro que, no final, o relatório da comissão trará o que a maioria desejar trazer, acusará quem a maioria quiser acusar, e reunirá o máximo de coisas ruins contra o governo, o presidente Jair Bolsonaro e o entorno dele. Mas uma coisa é pegar os peixes pequenos, ou ex-peixes, outra coisa é alvejar o líder do cardume.
Para o governo, o caminho parece estar claro. Administrar o andamento da CPI, cuidando para que esta não crie uma brecha no dique de contenção parlamentar à abertura de um processo de impedimento. Para Bolsonaro estar vivo e competitivo quando finalmente a epidemia for controlada. E vivo e competitivo para saborear em 2022 os frutos da retomada da economia.
Nessa linha, hoje não foi um mau dia para o governo na CPI.
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