quinta-feira, 13 de maio de 2021

Senso de urgência

O depoimento hoje do executivo da Pfizer trouxe mais concretude aos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito. O debate ficou bem organizado. O governismo luta pela narrativa de que o Planalto não poderia ter se antecipado à definição do arcabouço legal necessário para a aquisição da vacina do laboratório americano. Já a oposição sustenta que houve descaso e omissão, e que isso atrasou em alguns meses o início da aplicação do imunizante aqui no Brasil.

O argumento oposicionista foi reforçado por pelo menos três países da América Latina, México, Chile e Costa Rica, terem iniciado a vacinação com a Pfizer BioNTech ainda em dezembro do ano passado. Aliás imediatamente depois da aprovação do uso pela agência norte-americana. Ou seja, o Brasil não ficou atrás apenas de nações do chamado primeiro mundo, mas inclusive de países da nossa região e, como é o caso de México, da mesma ordem de grandeza geopolítica.

Com o detalhe de que o México tem um governo de esquerda e o Chile um de direita. Ou seja, não parece haver uma clivagem político-partidária-ideológica. Tratou-se aparentemente de diferentes abordagens. Ou de diferentes sensos de urgência. Houvesse a sensibilidade sobre a urgência, talvez o governo pudesse ter encaminhado a negociação comercial em paralelo com as medidas jurídico-administrativas, para que quando a vacina estivesse disponível encontrasse um arcabouço legal pronto.

CPIs são assim, os caçadores vão tateando até encontrar um ponto de apoio e estarem aptos a relembrar Arquimedes, com o seu "deem-me um ponto de apoio e moverei o mundo". A expectativa agora é para o depoimento do general ex-ministro da Saúde, que deverá enfrentar senadores já munidos de elementos para criar problemas a ele e ao seu ex-chefe. Isso se o inquirido não recorrer ao direito de ficar em silêncio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário