O mercado reagiu como esperado, e como previsto, ao anúncio da troca no comando da Petrobras. A queda nas ações da companhia estendeu-se a outras estatais e impactou o desempenho do mercado de capitais.
Um temor do mercado é quanto as pressões do governo para a suavização
dos reajustes dos preços dos combustíveis vão refletir nos resultados da empresa,
e portanto também nos dividendos distribuídos aos acionistas. Outra dúvida é
sobre a continuidade dos planos de desinvestimento, especialmente das
refinarias.
Aparentemente, ao precisar decidir entre um cabo de guerra
com o mercado e o risco de uma greve de caminhoneiros em plena pandemia, o
presidente da República preferiu a primeira alternativa. Agora que conseguiu
estabilizar a relação com o Congresso, especialmente com a Câmara, Jair
Bolsonaro parece querer fugir do risco da queda abrupta de apoio social.
Recorde-se, por exemplo, o mergulho de popularidade de Dilma
Rousseff causado pelas manifestações de junho de 2013, e que foram apenas isso,
manifestações. Qual seria o efeito, para o apoio ao presidente na população, de
um colapso do abastecimento em plena pandemia e com a economia projetando recuo
neste primeiro trimestre?
Hoje, a pesquisa CNT/MDA mostra ótimo+bom presidencial algo
estável na ordem de grandeza de um terço do eleitorado (leia).
Sem base orgânica de apoio no Legislativo, Jair Bolsonaro certamente não deseja
sofrer uma corrosão de popularidade como a de Dilma na largada do segundo
mandato. Seria a senha para uma crise política grave.
Michel Temer também viu o apoio popular mergulhar num certo
momento, mas ao contrário de Dilma e de Bolsonaro mantinha base congressual sólida . Sem isso, um presidente
impopular ou vira pato manco, como dizem os norte-americanos, ou cai.
Mas não convém tampouco apostar numa radicalização sem
limites. Mais provável é o novo presidente da Petrobras procurar um caminho
de conciliação, intermediário, entre os objetivos dos acionistas minoritários e os do majoritário. Resta acompanhar como será essa operação.
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