Hoje as ações da Petrobras recuperaram num dia algo em torno da metade do que haviam perdido ontem. Uma explicação é o papel ter ficado barato. Outra, complementar, é talvez o bicho não ser tão feio quanto pintaram na véspera.
Será prudente acompanhar os próximos movimentos. Se a
variação de preços for apenas suavizada, sem ônus excessivos à companhia, e se o resultado para os acionistas for devidamente cuidado, é razoável esperar recuperação das ações,
ainda que deva levar um tempinho.
Com o passar dos dias, e a partir da normalização do cenário
na Petrobras, é provável que o foco da disputa política se desloque para o
Congresso, onde já aparece um fruto apetitoso a ser colhido pela equipe
econômica: a desvinculação dos gastos orçamentários.
Ela é o troféu que o comando do Legislativo e o Planalto oferecem
para mostrar a sobrevivência da agenda liberal. A trepidação na Petrobras teve
efeito centrífugo na elite empresarial. É esperado que o governo agora vitamine
as forças centrípetas.
Do episódio, uma leitura vai sedimentando: o
recado de Bolsonaro é “toquem a agenda, mas não coloquem em risco meu mandato
agora e minhas possibilidades de reeleição daqui a pouco menos de dois anos”.
Nota-se certa decepção com esse limite colocado aos
movimentos do ministro da Economia. Mas seria irrealista esperar algo
diferente. Em todo governo, como em toda instituição, qualquer subordinado
precisa negociar com o chefe as questões mais delicadas.
E quando num governo, qualquer governo, você começar a ouvir
falar em “superministro”, saiba que ele está a caminho de ser enquadrado ou de
cair. Os mais inteligentes costumam encaixar-se na primeira opção.
Vamos além disso acompanhar as possíveis outras mudanças nos
escalões superiores da República. Que certamente estarão voltadas para
fortalecer o projeto presidencial para 2022. E ver como, e se, o Congresso entrega o
desengessamento orçamentário.
E qual vai ser afinal o volume de gastos com o novo auxílio
emergencial.
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