São elas: 1) Qual o efeito da polêmica das vacinas de Covid-19 no desempenho dos candidatos que mais se identificam com Jair Bolsonaro? 2) Qual o peso real dos padrinhos? 3) Haverá na reta final do primeiro turno alguma onda, e qual seria? 4) Qual será o anti da vez, que rejeição vai prevalecer?
Sobre o primeiro ponto, é razoável projetar que vai ganhar
fichas quem for identificado como preocupado em tornar a vacina disponível em
massa para a população. Aqui, o governador de São Paulo, João Doria, conseguiu
uma pegada no quimono melhor que seu adversário de tatame, o presidente Jair
Bolsonaro.
Um segredo da política é nunca desvelar que os interesses
mesquinhos estão sempre em primeiro lugar. A sabedoria reside em embalá-los no
papel de presente do “interesse público”. Bolsonaro tentou fazer isso com o
argumento de que o povo não será cobaia, mas depende de o medo da vacina
tornar-se maior que o medo do vírus. Improvável.
Outro problema do governo: a ira do presidente contra o
governador de São Paulo terá o efeito colateral de vir a despertar
desconfianças sobre uma eventual morosidade da Anvisa na liberação da vacina
objeto da polêmica. E isso legitimará ainda mais a provável intervenção do
Judiciário, uma instituição já atraída pelos holofotes do ativismo.
Sobre os padrinhos, até agora o peso deles tem se mostrado
apenas relativo. Uma hipótese é funcionarem melhor quando há correspondência de
cargo. Por exemplo, um prefeito seria mais efetivo como padrinho na própria
sucessão do que políticos de outras esferas. Pois a força do apadrinhamento
refletiria em algum grau a avaliação da gestão.
O próprio conceito de “padrinho” é duvidoso. Parte da
premissa de o eleitor pertencer ao político. Melhor considerar a relação
inversa de pertinência. O eleitor na verdade vê o político como um funcionário,
e escolhe o que lhe for mais conveniente. Isso vale em toda a escala social.
Não pensam assim só os ricos e a classe média. Os pobres também.
E qual será, se houver, a onda no primeiro turno? A “nova
política” dá sinais de fadiga, mas nunca é bom subestimar. E a quarta pergunta?
O antipetismo anda meio esquecido, até porque o desempenho do PT, como era de
esperar, não tem sido até agora dos mais brilhantes. Se esta onda vier, deve
vir como antiesquerda, que anda bem pulverizada.
Uma possibilidade é um certo antibolsonarismo, que por
enquanto anda de breque de mão puxado. Pois é difícil fazer o
casamento do jacaré com a cobra d’água, a junção da esquerda com o pedaço da
direita que desgarra do presidente em busca de projetos próprios. Mas é bom
ficar de olho.
Quem tem escapado de virar alvo do anti são exatamente a
direita que descolou de Bolsonaro e a autonomeada centro-esquerda que descolou
do PT para se vacinar contra o antipetismo. São candidatos a boas colheitas.
E uma lembrança: é bom ficar atento a sua excelência, o
imprevisível. No nosso modelo eleitoral, raios em céu azul costumam provocar
incêndios inesperados. E o imprevisível, não custa repetir, é das coisas mais
difíceis de se prever.
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