Mas se no âmbito das legendas a força resultante parece ser centrífuga, é razoável também supor que no funil dos segundos turnos, e em alguns primeiros, possa estabelecer-se a polarização entre campos políticos nacionais. Que hoje distribuem-se grosso modo assim: bolsonarismo/centrão, direita não Bolsonaro, esquerda não petista e petismo+psolismo.
Claro que é um esquema, e como qualquer esquema possui limitações.
Essa distribuição tem porém sua lógica interna, até por seguir de algum modo a disponibilidade das principais pré-candidaturas presidenciais: Bolsonaro, Moro/João Doria, Ciro, Lula/Haddad/Dino. Não se trata entretanto de um cenário pronto. Os blocos ainda vão rearranjar-se conforme a água vai passando por baixo da ponte.
Essa distribuição tem porém sua lógica interna, até por seguir de algum modo a disponibilidade das principais pré-candidaturas presidenciais: Bolsonaro, Moro/João Doria, Ciro, Lula/Haddad/Dino. Não se trata entretanto de um cenário pronto. Os blocos ainda vão rearranjar-se conforme a água vai passando por baixo da ponte.
Jogo jogado só em 2022. Tem muito tempo, e espaço, para deslocamentos.
A esquerda vem na defensiva desde o impeachment de Dilma Rousseff, e com a vitória de Jair Bolsonaro em 2018 foi lançada numa defensiva estratégica. Suas bases sociais têm sido meticulosamente enfraquecidas, desorganizadas e desidratadas pela nova hegemonia, uma aliança informal mas efetiva desde o autonomeado centro até o bolsonarismo mais raiz.
Essa defensiva, paradoxalmente, ou dialeticamente, desencadeou uma luta sem quartel pela hegemonia no dito campo progressista. Aqui renova-se a utilidade de às vezes colocar a política no "mudo". Enquanto se digladiam nas palavras sobre o caráter da frente de oposição a Bolsonaro (ampla ou de esquerda), nos atos os partidos da velha aliança progressista seguem cada qual seu caminho. As exceções apenas reforçam a regra.
Tal peculiaridade, dizem as pesquisas, leva a que a esquerda possa ficar fora na maioria das, ou pelo menos nas mais expressivas, disputas municipais. O que a levaria em certas situações críticas a ter de optar pelo apoio à direita não Bolsonaro em eventuais segundos turnos ou resignar-se à neutralidade. Opção também à mão do chamado centro se precisar decidir entre o bolsonarismo e o PT. Ou o PSOL.
Qual é a dúvida? Se as eleições de 2020 representarão apenas o epílogo da desagregação da antiga “frente democrática” que construiu a Nova República e com ela gangrenou, ou se já trarão pelo menos sinais embrionários das alianças para 2022. Se precisarão ainda servir de instrumento para o inevitável ajuste de contas com o passado, ou se darão à luz os primeiros sinais para o futuro.
A esquerda vem na defensiva desde o impeachment de Dilma Rousseff, e com a vitória de Jair Bolsonaro em 2018 foi lançada numa defensiva estratégica. Suas bases sociais têm sido meticulosamente enfraquecidas, desorganizadas e desidratadas pela nova hegemonia, uma aliança informal mas efetiva desde o autonomeado centro até o bolsonarismo mais raiz.
Essa defensiva, paradoxalmente, ou dialeticamente, desencadeou uma luta sem quartel pela hegemonia no dito campo progressista. Aqui renova-se a utilidade de às vezes colocar a política no "mudo". Enquanto se digladiam nas palavras sobre o caráter da frente de oposição a Bolsonaro (ampla ou de esquerda), nos atos os partidos da velha aliança progressista seguem cada qual seu caminho. As exceções apenas reforçam a regra.
Tal peculiaridade, dizem as pesquisas, leva a que a esquerda possa ficar fora na maioria das, ou pelo menos nas mais expressivas, disputas municipais. O que a levaria em certas situações críticas a ter de optar pelo apoio à direita não Bolsonaro em eventuais segundos turnos ou resignar-se à neutralidade. Opção também à mão do chamado centro se precisar decidir entre o bolsonarismo e o PT. Ou o PSOL.
Qual é a dúvida? Se as eleições de 2020 representarão apenas o epílogo da desagregação da antiga “frente democrática” que construiu a Nova República e com ela gangrenou, ou se já trarão pelo menos sinais embrionários das alianças para 2022. Se precisarão ainda servir de instrumento para o inevitável ajuste de contas com o passado, ou se darão à luz os primeiros sinais para o futuro.
Quem está no momento mais bem posicionado no xadrez é o centrismo, que poderá agir com o agudo e já tradicional senso de oportunidade ao se apresentar de um lado como estuário para o antibolsonarismo e de outro como desaguadouro para o antipetismo. Nunca se deve subestimar essa equação. Ela tem garantido, por exemplo, décadas de hegemonia em São Paulo.
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