quinta-feira, 30 de julho de 2020

Com a outra mão

São muitos números, então é melhor ir direto para a explicação completa (leia). O fato é que o déficit primário explodiu e as previsões para este ano são astronômicas (leia). O que era para ser uma consistente política de austeridade sustentada foi abalroado pela pandemia da Covid-19. 

Paciência, dirão, o imprevisível é sempre muito difícil de prever.

É razoável supor que quando a pandemia passar (quando?) ficaremos sim com um problema de estoque de dívida, mas o fluxo vai talvez normalizar-se. Dirão os pessimistas que é muito otimismo, mas não custa ter algum. Qual é a dúvida, então? Como fazer para servir a dívida que cresceu esse tanto, mas de um jeito que não implique tirar o oxigênio da recuperação econômica.

Se o governo estiver de olho apenas em aumentar a arrecadação a todo custo, vai asfixiar a economia. O melhor seria subir a receita graças a um belo aumento da atividade. Mas isso não está no horizonte próximo, todas as pesquisas mostram um consumidor cabreiro. Quando a desconfiança do consumidor em relação ao futuro vai passar? Na boa, ninguém sabe.

O governo busca recursos para o Renda Brasil. Mas nenhum programa social terá efeito milagroso para 2022 se, com a outra mão, o governismo garrotear quem está um pouco acima na escala social.

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