quarta-feira, 26 de agosto de 2020

A mão que afaga...

E o governo notou que ainda não descobriram como juntar numa única equação 1) o teto de gastos, 2) a manutenção de um auxílio emergencial, 3) os programas sociais, 4) uma projeção declinante para a dívida pública e 5) a preservação do ritmo ascendente da popularidade do presidente da República. 

Que, dotado de faro político, sentiu o cheiro de queimado (leia).

Talvez Jair Bolsonaro não queira repetir o experimento Dilma Rousseff. A então presidente alinhou sua política econômica no início do segundo mandato ao que lhe pedia o chamado mercado. Fez um ajuste daqueles. Mas, infelizmente para ela, em vez de colher o apoio do mercado e dos políticos e atores da chamada sociedade civil que louvam o mercado 24 x 7, colheu o impeachment.

Mesmo se Bolsonaro não fosse politicamente esperto, o recente infortúnio da antecessora talvez já servisse para acender-lhe a luz amarela. Como dizem os versos clássicos, a mão que afaga é a mesma que apedreja. Sem base orgânica no Congresso ou no establishment, Bolsonaro sabe que não pode ver a popularidade desabar. 

A não ser que queira ter a cabeça servida na bandeja.

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