quarta-feira, 12 de agosto de 2020

No mudo

O governo tem uma equação desafiadora na economia. A seguir, como garante, a cartilha, ele precisa combinar: 1) austeridade para frear o crescimento da dívida, 2) dinheiro para os programas sociais e 3) dinheiro para os investimentos. Juntar essas três variáveis numa equação que faça sentido não é trivial.

A tese governamental é que a disciplina fiscal atrairá capitais privados que vão relançar a economia. Esqueçam do declaratório: se os capitais privados aparecerem para criar negócios e empregos, a chamada ala liberal do governo vai levar a taça; se não, abrir-se-á espaço para o neodesenvolvimentismo.

E dificilmente o presidente da República vai deixar de querer ter dinheiro para as marcas sociais do bolsonarismo. Não consta que Bolsonaro, acossado pela opinião pública, queira oferecer-se em sacrifício para aplainar o terreno a um desafeto em 2022.

Ou seja, nesta corrida que divide os intestinos do poder, vai levar a melhor quem aparecer com dinheiro para investimentos. Não será dificil portanto monitorar a coisa. E será conveniente de vez em quando colocar o teatro da política econômica no "mudo".

Prestar mais atenção no que é feito e menos no que é dito.

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