sexta-feira, 17 de abril de 2020

Eis uma novidade

O notável nas polarizações políticas mesmo antes da Covid-19 era elas darem-se quase sempre dentro da base original do regime político estabelecido pelas urnas de 2018. Entre o bolsonarismo raiz e o bolsonarismo tático de quem apoiou o candidato do PSL para promover a troca de guarda, fosse qual fosse.

A crise provocada pelo SARS-Cov-2 aprofundou esse fosso, por responsabilidade talvez única do presidente da República. Que abriu mão da receita clássica nas crises deste tipo: a união nacional. Tivesse ido por aí, o PT e a esquerda estariam pregando no deserto, vendo tristes os governadores progressistas indo aderir, ao menos momentaneamente.

Mas não. Nunca o fosso foi tão largo. Basta olhar 1) as críticas de tradicionais defensores da austeridade ao ministro da Economia, 2) a defesa que parte da direita faz de todo tipo de intervenção estatal na vida dos cidadãos, 3) a declaração de amor do recente ministro da Saúde ao Sistema Único (SUS).

Tirando alguns resmungos contra a China, o dito centro anda indistinguível da esquerda.

Eis uma novidade. Para os dois.

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