O notável nas polarizações políticas mesmo
antes da Covid-19 era elas darem-se quase
sempre dentro da base original do regime
político estabelecido pelas urnas de 2018.
Entre o bolsonarismo raiz e o bolsonarismo
tático de quem apoiou o candidato do PSL
para promover a troca de guarda, fosse qual
fosse.
A crise provocada pelo SARS-Cov-2
aprofundou esse fosso, por responsabilidade
talvez única do presidente da República. Que
abriu mão da receita clássica nas crises deste
tipo: a união nacional. Tivesse ido por aí, o PT
e a esquerda estariam pregando no deserto,
vendo tristes os governadores progressistas
indo aderir, ao menos momentaneamente.
Mas não. Nunca o fosso foi tão largo. Basta
olhar 1) as críticas de tradicionais defensores
da austeridade ao ministro da Economia, 2) a
defesa que parte da direita faz de todo tipo
de intervenção estatal na vida dos cidadãos,
3) a declaração de amor do recente ministro
da Saúde ao Sistema Único (SUS).
Tirando alguns resmungos contra a China, o
dito centro anda indistinguível da esquerda.
Eis uma novidade. Para os dois.
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