quinta-feira, 7 de maio de 2020

Na boca do caixa

Havia muito tempo não se falava tanto em “ciência”, mas em alta mesmo está a religião. Não uma dessas comuns por aí, as formais, mas a fé na bolha. Agarra-te a uma crença e ela te servirá de boia para atravessar as ferozes corredeiras das redes sociais, da família, dos amigos.

Onde escasseia a racionalidade não há outra solução. O que seria racional? Alguém dizer: “Tudo vai ter de ficar fechado por cerca de tanto tempo para achatarmos a curva um certo tanto e voltarmos a alguma normalidade no dia tal, com uma margem de erro de tanto”.

Como isso não existe, estamos divididos entre os que têm fé no achatamento da curva e os que têm fé em quem nega a eficácia do achatamento da curva. Entrementes, as pessoas tendem naturalmente a cuidar da própria existência, duplamente ameaçada.

Resta aos governantes administrar a crise, como me disse alguém, “na boca do caixa”. Ir controlando a ocupação das UTIs, que é a rigor a única variável passível de mensuração algo precisa neste caos.

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